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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Fichamento do livro: Manual de Linguística; cap. 1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
DISCIPLINA DE LINGUÍSTICA II MINISTRADA PELO PROF. EDUARDO KENEDY
Elaborado pelo aluno André Marques

A linguagem é uma capacidade ou faculdade mental que todos os seres humanos- e apenas seres humanos- possuem. Ela é a mesma nos cerca de seis bilhões de indivíduos da espécie humana.
Essa capacidade pode ser considerada um órgão da mente, que nos permite adquirir e usar diferentes línguas.

Dizer que essa capacidade é inata significa que não a aprendemos no curso de nossa experiência de vida, mas já nascemos com ela. Essa competência está em nossa mente e não em um animal, num macaco por exemplo. O macaco ou o papagaio, por mais espertos que sejam não têm essa capacidade em sua mente.

Esse conhecimento tão complexo é parte de nossa biologia. Se não nascêssemos com ele, não haveria meio de aprendê-lo só através da observação das coisas. Se a linguagem fosse aprendida apenas como em um jogo de repetição, só seríamos capazes de falar apenas o que ouvimos. De fato, quando falamos demonstramos saber muito mais do que aquilo que ouvimos.
Essa propriedade de nossa capacidade de linguagem é conhecida pelos linguistas como infinitude discreta, ou seja, somos capazes de produzir um número infinito de expressões gramaticais, a partir de um conjunto finito de elementos e princípios linguísticos. É assim que ocorre com os sons da língua, com vinte ou trinta sons podemos produzir quantas palavras? Não dá nem para contar porque não tem fim.

Duas correntes surgem nesse período, o comportamentalismo de Skinner e cognitivismo de Chomsky. Skinner achava que o fenômeno da linguagem humana podia ser explicado “de fora pra dentro”, isto é, a criança receberia os estímulos linguísticos do ambiente e, então, reproduziria suas respostas verbais. Chomsky demonstrou que só os estímulos ambientais não seriam suficientes, seriam pobres comparados a complexidade do sistema verbal exibido por uma criança.

Chomsky aponta duas questões filosóficas sobre a cognição humana: o problema de Platão e o problema de Orwell. O problema de Platão é exatamente o problema da pobreza de estímulos; como podemos saber tanto com tão poucas evidências? A resposta seria a que já nascemos sabendo. O outro problema, o de Orwell teria a pergunta: “como podemos saber tão pouco se temos tantas evidências?” Chomsky vai dizer que apesar de muitos meios externos de comunicação ainda somos manipulados e por isso acreditamos em certos pontos de vista em detrimento de outros.

O fato de nascermos sabendo, fornece a resposta ao problema de Platão, nascemos com princípios gerais para adquirir uma língua e isso ajuda a organizar os estímulos verbais deficientes.Esse processe se dá de maneira bem homogênea para todas as crianças, independente do meio que sejam criadas.

Esse processo natural e espontâneo é que se chama de aquisição da linguagem, devendo ser diferenciado do termo aprendizagem. A aquisição é o que ocorre a criança exposta a estímulos, a aprendizagem depende do esforço exercido, da prática. A aquisição da linguagem é, de fato, um processo universal, é a sua homogeneidade na espécie humana.
A competência é o saber lingüístico abstrato que temos em nossa mente, esse saber ou competência lingüística é acessado toda vez que precisamos produzir ou compreender frases. O uso desse saber numa situação de fala específica é que constitui o desempenho. Assim, pode-se dizer que competência é o saber e o desempenho é o fazer.

Esse saber fazer compõe regras de encaixe da gramática universal da linguagem que são inatas, uma capacidade humana, comum a todas as línguas humanas.

Observa-se que tal gramática não se assemelha a noção de norma gramatical. Essa gramática normativa impõe regras com a finalidade de controle social. A gramática normativa afasta-se, portanto, da gramática intuitiva do falante, que adestrado em suas regras, não reconhece como competência natural.

As normas são variáveis e o que é considerado “certo” hoje, poderá não selo amanhã, assim, como muita coisa que já foi vista como “certa” ontem, já não o é mais hoje em dia. Oliveira Lima sugere que o caminho alternativo é a educação pela inteligência. Ao invés de despejar conteúdos ultrapassados, o professor de línguas pode provocar o raciocínio e a imaginação e a capacidade resolver problemas.

A noção de certo e errado é o que gera preconceito lingüístico, difundindo a idéia de que há língua superior e língua primitiva. A gramática descritiva visa estudar e descrever os fenômenos lingüísticos sem estabelecer julgamentos de valor. Além disso, faz uma reflexão analítica que procura compreender os fenômenos de modo objetivo.
A gramática de uma língua é, portanto, um mecanismo mental que permite juntar o conhecimento dos sons com os conceitos e idéias, construindo palavras e frases.
O lingüista Roman Jakobson propôs um esquema que sistematizou elementos constitutivos de todo ato de comunicação verbal, argumentando que ênfase em cada um desses elementos caracteriza uma função linguística.

A função expressiva emotiva centra-se no destinador ou emissor, a apelativa centra-se no destinatário, no receptor; a função referencial centra-se no referente, no contexto, de base denotativa, factual; a função fática centra-se no canal, ou contato físico ou psicológico; a função metalingüística centra-se no código, tem por finalidade verificar se o código permite a comunicação; a função poética, por fim, centra-se na mensagem, nas propriedades estéticas, nos ritmos enfim.






2 comentários:

  1. Nossa! Me lembro mt bem das aulas de linguística da professora Beatriz,que saudades!
    Ela realmente é fonte de grande inspiração...amo!!
    Parabéns pela postagem...bjs

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  2. Perfeito esse fichamento! Apesar de não ter o entendimento adequado das questões que abrangem a língua, gosto de conhecer os conceitos que a linguística expõe.
    O livro "Manual de linguística", de Martelotta está sendo um desafio para mim, pois, como falei anteriormente, ainda não consegui ter a compreensão devida de tantas teorias linguísticas.
    Um abraço.

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